37 vítimas de feminicídio: Qual é a política de Eduardo Riedel na segurança pública para garantir o direito à vida das mulheres?
Deputada estadual Prof.ª Gleice Jane protocolou requerimento sobre ações do Governo do Estado para conter onda de feminicídios em Mato Grosso do Sul


A deputada estadual Gleice Jane (PT) protocolou nesta terça-feira (25), um Requerimento de Informações destinado ao governador do Estado, Eduardo Riedel (PP), e ao secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira. O documento cobra uma resposta detalhada sobre as políticas de enfrentamento à violência familiar e de gênero, logo após a confirmação da 37ª vítima de feminicídio em 2025. O governador tem um prazo de 15 dias para prestar os esclarecimentos.
O documento foi protocolado em meio a uma escalada alarmante da violência, que transformou novembro no mês mais letal da série histórica no Estado, com seis assassinatos de mulheres em menos de 30 dias. Na madrugada desta segunda-feira (24), Mato Grosso do Sul chegou ao 37º caso de feminicídio no ano, o que evidencia uma falha grave nos mecanismos de proteção. O número de feminicídios de 2025 já supera o total do ano anterior, que teve 35 casos.
A deputada justifica que “somente por meio de ações estruturadas, interinstitucionais e fundamentadas em evidências será possível combater a escalada da violência feminicida e, enfim, assegurar a proteção plena e o direito à vida das mulheres sul-mato-grossenses”.
Quais informações Riedel e Antônio Carlos Videira devem prestar?
A lista de questionamentos elaborada e protocolada pela deputada Professora Gleice Jane contém oito eixos temáticos e exige a resposta de 25 perguntas. Governo do Estado e Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública foram intimados a apresentar dados concretos sobre a eficácia das políticas de proteção, o uso de tecnologias e o orçamento destinado ao enfrentamento do feminicídio. O principal questionamento considera o contexto atual: Quais ações emergenciais foram adotadas diante da onda de feminicídios que marcou o mês de novembro como o mais letal para as mulheres sul-mato-grossenses?
Outros pontos questionam Eduardo Riedel e Antônio Carlos Videira sobre o número de agressores monitorados por tornozeleira eletrônica, o tempo de resposta do Botão do Pânico, o estágio do aplicativo 'Maria da Penha MS' e o diagnóstico oficial sobre o aumento de casos, incluindo aqueles com medidas protetivas prévias. A deputada defende que política pública precisa de investimento e questiona: “Quanto do orçamento público foi destinado para a defesa das mulheres? Quanto foi investido em tecnologias de proteção e monitoramento, em ampliação e manutenção do botão do pânico, em atendimento especializado nas delegacias das mulheres? Quanto foi destinado para capacitação de agentes e construção de equipes multidisciplinares?”.
37 Vítimas de Feminicídio
Ainda em novembro, Mato Grosso do Sul já ultrapassou o número total de vítimas de feminicídio do ano anterior. O número de 37 mulheres que tiveram suas vidas interrompidas, a maioria por ex-companheiros, é computado em meio aos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Lista com as 37 vítimas de feminicídio em MS em 2025:
Karina Corim (29 anos) e Aline Rodrigues* (32 anos) - Caarapó - 1º de fevereiro
Vanessa Ricarte (42 anos) - Campo Grande - 12 de fevereiro
Juliana Domingues (28 anos) - Dourados - 18 de fevereiro
Mirieli Santos (26 anos) - Água Clara - 22 de fevereiro
Emiliana Mendes (65 anos) - Jutí - 24 de fevereiro
Gisele Cristina Oliskowski (40 anos) - Campo Grande - 1º de março
Alessandra da Silva Arruda (30 anos) - Nioaque - 29 de março
Ivone Barbosa da Costa Nantes (41 anos) - Sidrolândia - 17 de abril
Thácia Paula Ramos de Souza (39 anos) - Cassilândia - 14 de maio
Simone da Silva (35 anos) - Itaquiraí - 14 de maio
Olizandra Vera Cano (26 anos) - Coronel Sapucaia - 22 de maio
Graciane de Sousa Silva (40 anos) - Nova Andradina - 25 de maio
Vanessa Eugênia Medeiros (23 anos) - Campo Grande - 26 de maio
Sophie Eugênia Borges (10 meses de vida) - Campo Grande - 26 de maio
Eliana Guanes (59 anos) - Corumbá - 6 de junho
Doralice da Silva (42 anos) - Maracaju - 20 de junho
Rose Antonia de Paula (41 anos) - Costa Rica - 28 de junho
Michelly Rios Midon Oruê (47 anos) - Glória de Dourados - 3 de julho
Juliete Vieira (35 anos) - Naviraí - 25 de julho
Cinira de Brito (44 anos) - Aquidauana - 31 de julho
Salvadora Pereira (22 anos) - Corumbá - 2 de agosto
Dahiana Ferreira Bobadilla (24 anos) - morta no Paraguai, encontrada em Bela Vista - Agosto
Érica Regina Moreira Mota (46 anos) - Bataguassu - 27 de agosto
Dayane Garcia (27 anos) - Nova Alvorada do Sul - Setembro (morreu após 77 dias de internação)
Iracema Rosa da Silva (75 anos) - Dois Irmãos do Buriti - 8 de setembro
Ana Taniely Gonzaga de Lima (24 anos) - Bela Vista - 13 de setembro
Gisele da Silva Cylis Saochine (40 anos) - Campo Grande - 2 de outubro
Erivete Barbosa Lima de Souza (48 anos) - Paranaíba - 10 de outubro
Andreia Ferreira (40 anos) - Bandeirantes - 12 de outubro
Solene Aparecida Ferreira Corrêa (46 anos) - Três Lagoas - 21 de outubro
Luana Cristina Ferreira Alves (32 anos) - Campo Grande - 28 de outubro
Aline Leite da Silva (28 anos) - Jardim - 4 de novembro
Maria Aparecida Nascimento Gonçalves (43 anos) - Aparecida do Taboado - 4 de novembro
Rosimeire Vieira de Oliveira (37 anos) - Rochedo - 10 de novembro
Irailde Vieira Flores de Oliveira (83 anos) - Rochedo - 10 de novembro
Gabrielli Oliveira dos Santos (25 anos) - Sonora - 18 de novembro
Alliene Nunes Barbosa (50 anos) - Dourados - 23 de novembro
*Aline Rodrigues foi morta junto de sua amiga, Karina Corim, mas não entrou para as estatísticas oficiais de feminicídio.
O Feminicídio é considerado como o crime de homicídio cometido “contra a mulher por razões da condição de sexo feminino”, quando em ocorre em contexto de “I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher”. Na prática, como visto em 36 dos 37 casos em Mato Grosso do Sul, a esmagadora maioria dos casos é cometida por homens, geralmente companheiros, ex-companheiros ou familiares.
Violência contra mulher é crime e pode ser denunciada de forma segura e sigilosa. Em casos de emergência, ligue imediatamente para 190. Para denúncias e orientações, o número 180 fica disponível 24 horas por dia. Também é possível denunciar via WhatsApp pelo número (67) 99180-0542.
